Atuação da fisioterapia pediátrica no contexto hospitalar - por Sandra Omori Sakuma (Fisioterapeuta Hospital Pequeno Príncipe)

Olá gente! Achei esse texto no Facebook da Sociedade de Fisioterapia Pediátrica e Neonatal, achei bem interessante e vou compartilhar com vcs!
Foi escrito pela Fisioterapeuta Sandra Omori Sakuma (Hospital Pequeno Príncipe - Curitiba)


Os principais objetivos da atuação do fisioterapeuta em um hospital são os de minimizar os efeitos da imobilidade no leito, prevenir e/ou tratar as complicações respiratórias e motoras bem como promover integração sensório- motora e cognitiva.
O paciente, seja ele clínico ou cirúrgico, pode apresentar-se em diversas condições de saúde, com isso, conforme as necessidades apresentadas pela criança prioriza-se determinadas técnicas, visando maior efetividade nas condutas e na utilização dos recursos disponíveis. Dessa maneira participa-se ativamente na recuperação do paciente, e conseqüente redução no seu período de permanência de internação hospitalar.
Como conseqüência da imobilização, o paciente torna-se descondicionado, o que reduz sua capacidade de executar exercício aeróbico diminui sua tolerância aos esforços e pode comprometer o desmame de pacientes submetidos a períodos prolongados de ventilação mecânica. A imobilização mais a incapacidade de deslocar secreção pulmonar adequadamente favorece complicações respiratórias como atelectasias, pneumonias, às vezes necessitando de intubações e traqueostomias.
A fisioterapia está indicada objetivando higiene brônquica, melhora da oxigenação, além da melhora da mecânica respiratória.
O prolongado tempo de internação, posicionamento inadequado com falta de mobilização predispõe a modificações morfológicas dos músculos e tecidos conjuntivos. Em alguns casos encontramos: alterações no alinhamento biomecânico, comprometimento de resistência cardiovascular, que ocorrem em exigências funcionais para realização de movimentos coordenados. Evoluindo com contraturas articulares, diminuição do trofismo e força muscular, e aparecimento de úlceras de pressão. O fisioterapeuta atuando sobre os efeitos deletérios da hipo ou inatividade do paciente acamado no âmbito hospitalar contribui na redução da taxa de mortalidade, taxa de infecção, tempo de permanência na UTI e no hospital, índice de complicações no pós-operatório.
Um outro fator essencial à criança é a estimulação adequada, pois o seu desenvolvimento está diretamente relacionado ao conhecimento adquirido através da vivência e experiência cotidiana, assim os diversos problemas vivenciados pela criança influem diretamente em seu bem estar presente e futuro.
É fundamental que o fisioterapeuta além da preocupação quanto a melhora da capacidade respiratória e motora, estimule os sistemas vestibular, auditivo, visual, táctil e proprioceptivo.
Também orientar os pais em observar melhor seus filhos, chamando atenção nos gestos destas crianças, procurando resgatar: movimentos adequados com maior eficiência, favorecendo maior movimentação e promovendo o desenvolvimento da percepção espacial, consciência corporal, exploração do ambiente e interação social. Objetivando a incorporação destas combinações a vida cotidiana, antes que os modelos anormais se fixem. Isso mostra a importância da intervenção precoce, orientando pais e a equipe multiprofissional, promovendo assim, um intercâmbio de informações dentro das unidades hospitalares com o intuito de sensibilizar a equipe em fazer a prevenção, cada qual em sua área, criando agentes mediadores, multiplicadores de informações, conceitos e metas em diversas especialidades, aumentando a abrangência dos programas de saúde, educando e informando os grupos de atendimento. Interagir respeitando as características individuais através de um atendimento globalizado, sabendo-se que cada ser reage à mesma situação de maneira diferenciada, reconfortando o paciente e a família.

A fisioterapia no desenvolvimento motor do prematuro


Texto adaptado do blog Prematuridade.com



A importância da fisioterapia no desenvolvimento motor dos bebês pré-termo

Dra. Alessandra Martins Roberto​
“Definimos recém-nascidos de alto-risco aqueles que sofreram complicações no período pré-natal, perinatal e/ou pósnatal. Dentro destas características, estão os recém-nascidos pré-termos (ou prematuros). O Recém-nascido pré-termo são aqueles que nasceram antes de completar 37 semanas de idade gestacional e são classificados como: limítrofe (prematuro nascido entre 37 e 38 semanas), moderado (nascido entre 31 e 36 semanas) e extremo (nascido entre 24 e 30 semanas).
O nascimento de um recém-nascido pré-termo está relacionado ao aumento da freqüência de distúrbios relacionado ao desenvolvimento neuropsicomotor. Apesar de não existir consenso quanto às características específicas destes déficits e sua extensão a longo prazo, mesmo na ausência de sinais clínicos severos (como alterações neurológicas, musculares, deficiências múltiplas,etc.), um  número significativo de crianças que nasceram pré-termo vem apresentando, de acordo com estudos, sinais de distúrbios do desenvolvimento relacionados com as seguintes áreas: cognição, linguagem, socialização, autocuidado e déficits de desenvolvimento motor.
Considerando uma medida de prevenção a estes fatores, o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar logo após a alta hospitalar deste bebê é de extrema importância para prevenir estes atrasos do desenvolvimento.
A importância da fisioterapia:
Quando falamos em Fisioterapia Pediátrica, logo pensamos no desenvolvimento motor, onde a criança tem que ser capaz de controlar seu próprio corpo, afinal é através do corpo que a criança brinca e ganha recursos adequados para o seu desenvolvimento, garantindo sua independência e ainda contribuindo para que tenha um bom conceito de si mesma.
Este processo de desenvolvimento do bebê se compreende em uma complexa seqüência de eventos fisiológicos e de mudanças comportamentais que se iniciam na concepção e se estendem até a vida adulta. Desde a fecundação, as células responsáveis pelo processo de formação do feto participam de uma série de situações em que se multiplicam e se transformam com a finalidade de gerar um organismo íntegro, maduro e harmônico para o seu funcionamento. No entanto, é após o nascimento que o desenvolvimento motor se desenvolve ao longo da vida, sendo submetida a um processo de transição, cujos movimentos livres experimentados intra-útero, são agora restritos pela ação da gravidade.
Conhecendo o universo da motricidade humana, o acompanhamento de todo o processo de desenvolvimento infantil e a detecção precoce de distúrbios relacionados ao desenvolvimento motor consegue-se entender a importância da intervenção Fisioterapêutica imediata nestes bebês pré-termo para um melhor prognóstico do desenvolvimento.
A Fisioterapia precoce em bebês pré-termo antes, durante e após a alta hospitalar tem como principal objetivo minimizar através de ações preventivas, fatores que interferem no desenvolvimento motor do bebê. 
Dica:
• Todo o bebê pré-termo deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar com o intuito de prevenir atrasos do desenvolvimento global (socialização, cognição, linguagem ,autocuidado e desenvolvimento motor).
• Estimule o bebê com brinquedos adequados para sua idade, contribuindo para um melhor desenvolvimento adequado.
• Enquanto o bebê brinca com brinquedos ele também estará desenvolvendo seu cérebro.
• A falta de estímulo pode causar um atraso no desenvolvimento neurológico.”

Kinesio taping

É uma bandagem adesiva, oriunda do Japão a mais de 20 anos tendo Dr. Kenzo Kase como inventor desta técnica que atualmente é conhecida em vários países da Europa, Ásia e Estados Unidos.
Sua técnica de aplicação está baseada nas capacidades de regeneração natural do nosso corpo. Tem uma filosofia diferente das outras bandagens cujo objetivo é o de proporcionar liberdade de movimento pois é uma bandagem elástica e tão fina quanto a pele. Já a bandagem convencional utilizada no desporto, é concebida de modo a restringir o movimento dos músculos e articulações afetadas, exercendo uma pressão significativa provocando obstrução da passagem dos fluídos orgânicos.


A aplicação está sendo explorada principalmente nas áreas de ortopedia e desportiva, porém vem conseguindo espaço também na neurologia, melhorando a biomecânica e controlando tônus dos pacientes. Na respiratória ainda é bastante difícil encontrar pesquisas e artigos, porém com bases fisiológicas e biomecânicas, podemos utilizar as bandagens com uma boa resposta.


Caso clínico:

Criança de 1 ano e 3 meses, histórico de prematuridade e displasia broncopulmonar, encaminhado à fisioterapia para tratamento respiratório devido à dispneia.
Aplicação de kinesio taping com bases no método RTA, melhorando justaposição disfragmática e apoio abdominal, facilitando o trabalho muscular e diminuíndo o esforço.
A criança diminuiu as crises de dispneia, apresentando-se mais ativa e respondendo melhor aos esforços.



Histórias de bebês prematuros com final feliz são cada vez mais comuns

 

Hoje os pediatras sabem muito mais, os aparelhos são precisos e sofisticados, e o conhecimento sobre a nutrição do recém-nascido está avançado. Além disso, a tendência a manipular cada vez menos o prematuro – graças às novas tecnologias – tem contribuído para reduzir a incidência de infecção hospitalar, o grande fantasma a rondar bebês com as defesas ainda cruas.

Claro que aparelhos que monitoram os sinais vitais e respiradores de última geração se revelaram importantíssimos na recuperação de prematuros, mas existe também um fator humano na história: a presença dos pais nas UTIs neonatais.

"Até alguns anos atrás, as visitas eram encaradas com preconceito e as mães não podiam tocar no bebê", lembra o pediatra Luiz Carlos Bueno Ferreira, chefe da neonatologia do Hospital São Luiz. "Atualmente, sabemos que o contato com os pais faz com que a criança se desenvolva melhor e mais rapidamente."

"Com avental e touca, mãos meticulosamente lavadas e sorriso no rosto, mães e pais vão se tornando parte do cenário nas UTIs neonatais das grandes maternidades brasileiras. Eles se incumbem de pequenos cuidados, conversam com os bebês e são estimulados a utilizar o método canguru, que consiste em segurar a criança só de fralda junto ao corpo da mãe e do pai por baixo do avental hospitalar. O contato faz maravilhas pela saúde do bebê. "Os pais são parte da equipe e acabaram aprendendo mais sobre a saúde e os cuidados com os filhos prematuros", avalia o pediatra neonatologista Luís Eduardo Miranda, diretor-médico do Centro de Prematuros do Estado do Rio de Janeiro (Ceperj), que funciona na UTI neonatal da Casa de Saúde São José. "Com isso, reduzimos bastante a probabilidade de reinternação."

Cateteres, agulhas, cânulas – hoje tudo é fabricado em escala de miniatura para prematuros

Um bebê é considerado prematuro quando nasce antes de a gravidez completar 37 semanas. De maneira geral, cerca de 10% das gestações únicas acabam antes da hora, precipitadas por fatores como a idade da mãe (muito jovem ou com mais de 40 anos têm risco maior para prematuridade) e doenças como infecções urinárias e hipertensão. Mulheres grávidas de dois ou mais bebês dificilmente chegam às 40 semanas. A popularização dos métodos de fertilização assistida – que produzem com freqüência gestações gemelares – contribuiu também para aumentar o número de prematuros. Quanto maior o peso e a idade gestacional, melhores as chances do bebê.

O prematuro é todo frágil, mas os médicos foram encontrando caminhos para lidar com ele. Cateteres, agulhas, cânulas – praticamente tudo é produzido em escala de miniatura para os pequeninos. "Hoje, temos uma bomba de infusão que controla cada mililitro da medicação que é ministrada aos bebês prematuros", explica o doutor Luiz Carlos. No passado, para fazer exames, colhia-se tanto sangue que não era incomum os bebês terem anemia. Atualmente, bastam microdoses para garantir resultados acurados.

Entre todas as fragilidades, no entanto, a que mais inspira cuidados diz respeito aos pulmões. É fácil entender por quê. No útero materno, vários órgãos e sistemas já estão funcionando: o sangue circula, os rins produzem urina, o líquido amniótico é deglutido, os músculos se flexionam. Só os pulmões aguardam a hora do nascimento para finalmente começar a trabalhar. No bebê nascido antes da hora, eles podem estar imaturos e carentes de uma substância fundamental, o surfactante, que o bebê de termo tem de sobra. Essa substância é responsável pela elasticidade dos pulmões, permitindo que se mantenham abertos e que o bebê possa respirar com facilidade. Quando falta surfactante, a respiração é difícil e o bebê se cansa. "Nesse caso, ministramos uma dose de surfactante sintético, ou extraído de animais, por meio de um tubo instalado na traquéia", informa o doutor Luís Eduardo, da Casa de Saúde São José. "Normalmente, o problema se resolve."Empurrando todos esses avanços, há uma grande mudança na maneira como a sociedade, nas últimas décadas, passou a encarar os prematuros. "Antes, havia uma atitude muito passiva. Se aquele filho não vingasse, a mãe voltaria com outro bebê no ano seguinte", diz o neonatologista carioca. Agora a sociedade acredita nesses bebês e se empenha em salvá-los. Atualmente, o grande desafio dos médicos neonatologistas é entregá-los aos pais não apenas vivos e bem, mas com chances de se desenvolverem tão adequadamente quanto um bebê nascido no tempo certo.

Fonte: Revista TPA

 

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